terça-feira, 22 de setembro de 2009

POR ALGO A MAIS QUE A PLR.

Alex Livramento*

A Campanha Nacional dos Bancários chega em seu momento decisivo. Amanhã, bancários e bancárias de todo o país rejeitarão a proposta apresentada pela Fenaban e decretarão greve por tempo indeterminado a partir do dia 24/09. Até aí nada demais, constatação óbvia que pode ser lida em qualquer veículo.
O debate que quero expor é sobre o que queremos realmente nesta campanha e a pergunta a se fazer é: nossas reivindicações se resumem a aumento salarial e PLR?
Participamos de conferências estaduais e da conferência nacional, onde apesar do frio debate, muitas vezes burocráticos, foram construídas reivindicações de emprego, contra o assédio moral, plano de cargos e salários, previdência complementar, etc. Apesar de discordarmos de muitas das formulações aprovadas, a minuta foi construída com todas estas reivindicações e entregue à Fenaban em 10/08.
A campanha foi para as ruas e locais de trabalho com festas, manifestações, paralisações e debates. Até semana passada todos os eixos de luta estavam presentes, mas eis que a Fenaban apresentou sua rebaixadíssima proposta econômica, e a campanha passou a se resumir a aumento real e PLR.
Não digo isto por intuição, mas o que se vê nos boletins e sites dos principais sindicatos do país é o demasiado destaque que estes itens passaram a ter após dia 17/09. Tal constatação passa a ser mais triste ainda quando verificamos isto nos veículos de entidades de todos os matizes ideológicos.
Que o bancário quer dinheiro no bolso, todos sabem, inclusive o banqueiro. Mas quando a vanguarda do movimento também passa a apostar suas fichas apenas nas cláusulas econômicas, caem por terra todo nosso debate e luta de um ano inteiro.
Ainda há tempo de colocar a questão do emprego, a valorização dos pisos, a isonomia, e o fim das metas e do assédio moral como eixos centrais da nossa campanha. Para isto precisamos fazer este debate com a categoria e mostrar aos bancários e bancárias que aumento e PLR são bons, mas são efêmeros.


*Alex Livramento é bancário da CEF, diretor do SEEB-SP e membro da Coordenação Nacional dos Bancários da CTB.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Movimento pela Isonomia nos Bancos Públicos Federais: funcis pós-98

No Brasil, a ofensiva neoliberal dirigida aos trabalhadores na década de 1990 impingiu duras derrotas à categoria bancária. Enquanto a reestruturação produtiva intensificava a exploração e diminuía postos de trabalho, a flexibilização das leis trabalhistas tratava da retirada de direitos em favor do capital.

Os bancários foram particularmente atingidos e sofreram toda sorte de insegurança e humilhações. A importação do modelo toyotista de organização do chão das fábricas japonesas para o caso brasileiro foi abraçado pelos banqueiros e se deu sob a égide da maximização da exploração de seus trabalhadores. Desta forma é que, ao tempo em que os bancos desrespeitavam as jornadas de trabalho, promoviam o assédio moral aos seus funcionários e efetivavam demissões arbitrárias, se esforçavam, igualmente, por capturar a subjetividade de seus trabalhadores na tentativa de desmobilização de suas lutas.

Tendo como pressuposto a política do Estado Mínimo, a desarticulação de setores estratégicos do Estado preparava os movimentos privatistas para a perseguição ideológica e deliberada ao funcionalismo das instituições financeiras públicas federais. As táticas de desmonte do Estado intentadas pelos governos Collor e FHC intensificaram os ataques sofridos pelos funcionários dessas instituições e inauguraram os seus “anos de chumbo”.

Karoshi é como designam a morte por esgotamento físico e mental relacionada ao trabalho no Japão. Em nossa realidade nos bancos, para além das lesões e das doenças conhecidas como relacionadas diretamente ao trabalho (LER/DORT), a década de 1990 registrou um número impressionante de mortes originadas pelo estresse nos bancos, chegando ao caso extremo dos suicídios. De 1993 a 1995 o Centro de Epidemiologia do Ministério da Saúde registrou o número de 72 suicídios nos estabelecimentos bancários, perfazendo a média de 1 a cada 15 dias!

Na tentativa de ferir de morte o funcionalismo, o executivo, através do Conselho de Coordenação e Controle das Estatais – CCE/DEST e por intermédio das resoluções nº 9, de 30/05/95 e nº 10, de 08/10/96 promove o esquartejamento do plano de carreira nos Bancos Públicos Federais, com a segmentação de suas categorias em duas: pré e pós-98! Discriminados pela própria instituição e com uma série de benefícios e direitos a menos, os funcionários admitidos a partir de 1998 tiveram os salários de ingresso rebaixados e sentiram, desde o primeiro momento, que traziam tatuada a marca do não direito.

Acorrentados a uma estrutura que utiliza os pós-98 como “exército industrial de reserva”, que pressiona os salários para baixo, aceitar a precarização das condições de trabalho para os novos ingressantes é aceitar a deterioração das relações de trabalho para toda a classe. O aviltamento dos direitos dos mais novos funcionários comprovou que o ataque a um segmento ressoa em toda a categoria. Neste sentido, faz-se urgente a exigência da isonomia imediata de tratamento, benefícios e direitos no Plano de Cargos e Salários, de forma a não dependermos do sabor das negociações coletivas anuais, que não tem garantido a perenidade de direitos aos novos bancários.
Considerando que vivemos em uma conjuntura política mais favorável e sob um governo que contou com o apoio de grande parte do funcionalismo e dos trabalhadores para a sua eleição, carregando em seu nome a esperança pela mudança, é preciso que elevemos bem alto nossas bandeiras e façamos ecoar a nossa voz nas instituições, no executivo, no judiciário, no parlamento e em todos os espaços que se coloquem.
No nível do parlamento, temos o andamento de dois projetos de lei sobre a Isonomia que, aprovados, eliminarão toda a iniqüidade para os funcionários contratados a partir de 1998, dando à isonomia força de lei! O Projeto de Lei 6259/05, apresentado pelos deputados federais Inácio Arruda (PCdoB-Ceará) – atual senador – e Daniel Almeida (PCdoB-Bahia), e o PLS 77/2007, apresentado pelo senador Inácio Arruda. Temos um grande instrumento disponibilizado para a categoria. A nós, cabe a grande articulação dos movimentos sociais organizados pela aprovação dos projetos!
Se a dificuldade inicial de organização residia no fato de que no início éramos poucos, hoje, somos mais da metade do quadro funcional. Ao mesmo tempo em que isso nos fortalece, nos impõe uma responsabilidade muito maior sobre os nossos próprios destinos. O debate sobre a isonomia precisa estar na centralidade dos grandes debates e as estratégias para a mobilização pela isonomia precisam ser tratadas com prioridade pelos sindicatos, pelos representantes eleitos de nossas entidades associativistas, pelas centrais sindicais e por toda a categoria!
Pela certeza da justeza de nossa luta, convidamos todos a participarem do Movimento Pela Isonomia nos Bancos Públicos Federais!


Paula Goto
Coordenadora do GT de Isonomia na ANABB

terça-feira, 12 de maio de 2009

Surge o Blog dos Bancários Classistas

Surge aqui o blog dos Bancários Classistas. Sindicalistas e militantes bancários, com firme posição de classe, que se organizam em torno da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e tem como objetivo maior organizar, mobilizar e conscientizar os trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro.

A atuação dos Bancários Classistas se dá em nível nacional - nos sindicatos e nos locais de trabalho; A partir dos bancos públicos e privados, bem como das empresas terceirizadas, das cooperativas, das seguradoras. Empenha-se na defesa dos direitos, das conquistas, da saúde, da igualdade de oportunidades e principalmente pela ISONOMIA. Coloca-se frontalmente contrário à discriminação de gênero, raça, credo e orientação social.

Participa de todos os foruns que discutem os interesses da categoria bancária com o firme proposito de elevar o debate político.

Os Bancários Classistas estão abertos à participação de todos e todas que queiram construir, no plano imediato, novos caminhos para os trabalhadores e trabalhadoras e, no plano futuro, construir uma sociedade mais justa e democrática, a sociedade socialista.

A Coordenação